Atualizado em 6 de abril.
Na sexta-feira, 27 de março de 2020, o governo federal anunciou medida relacionada à abertura de linha de crédito emergencial para empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões anuais. O objetivo dessa linha de crédito é disponibilizar capital para que as empresas possam realizar o pagamento de seus funcionários, limitado ao teto de 02 (dois) salários mínimos (R$2.090,00) por colaborador do negócio. De acordo com o Banco Central, essa linha de crédito estará disponível nos bancos até o dia 10/04. A medida, ainda, informa que haverá uma carência de 6 meses para o pagamento, que poderá ser realizado em até 30 meses, com uma taxa de juros de 3,75% a.a, equivalente à SELIC.
Os bancos já estão anunciando a linha de crédito em seus sites e aguardam apenas a normatização do governo para disponibilizarem para seus clientes. Atualmente, em outra medida, desassociada dessa em questão, os maiores bancos privados do país se organizaram para realizar o adiamento, por 60 dias, das parcelas de contratos de empréstimo ativos.
A tendência é que até mesmo empresas negativadas, ou com débitos ativos com a instituição financeira tenham acesso a essa linha de crédito, já que 85% dos recursos desta linha serão advindos do governo. Entretanto, é preciso ficar atento aos tão falados score e rating, que são ferramentas utilizadas por bancos e empresas para auxiliar o processo de tomada de decisão na concessão de crédito e realização de negócios, pois eles podem ter um peso no momento de contratação. Isso ocorre para diminuição do risco de concessão de crédito, uma vez que o mercado brasileiro apresenta alta volatilidade para essas instituições; e para equalização desses riscos, os bancos realizam a regulagem por meio do aumento das taxas de juros cobradas na ponta. A atuação dos bancos nesse momento está atrelada a um controle de riscos trazido pela incerteza econômica em decorrência da pandemia do COVID-19. Para mitigar tais riscos, incertezas e, principalmente, fazer chegar políticas econômicas à população e às MPE’s o Ministério da Economia tem ainda desenvolvido políticas como a Renda Básica de Cidadania Emergencial e a própria linha de crédito para Pequenas e Médias empresas, porém respeitando os ritos de sanção e aprovação (Congresso, Senado e Presidência).
O ponto de atenção nessa linha de crédito emergencial está vinculado ao modo como esse empréstimo chegará ao consumidor final. Para ter acesso a esse crédito é necessário que o cliente tenha em mente que os 3 principais bancos privados atendem quase 500 mil empresas e, por esse motivo, haverá uma grande busca por esse recurso. O empresário deve estar preparado no momento de contratação do crédito, pois os bancos fazem, e devem fazer, a análise do rating de seus clientes.
De acordo com normativas do governo, existem alguns requisitos para a obtenção deste crédito. Primeiramente, a empresa deverá obrigatoriamente ter a folha de pagamento processada pela instituição financeira, mesmo que a contratação seja realizada no momento de obtenção do crédito. Além disso, a empresa não poderá dispensar colaboradores entre a data de contratação do crédito e 60 dias após o pagamento do crédito (4 meses após a contratação).
Importante: Todo o crédito desta linha será depositado diretamente pela instituição financeira na conta do empregado.
Para manter ou incrementar o seu rating e estar preparado para a obtenção do crédito, é necessário que o empresário tenha em mente que essa pontuação é medida por meio de dados cadastrais, do histórico e do comportamento atual no mercado.
Por esse motivo os passos a se tomar nesse momento são:
- verificar como está a pontuação atual de seu rating na instituição financeira em que é cliente (seu gerente tem esse dado para te informar). Caso não consiga, você também pode acessar sites como Serasa Experian e realizar a consulta;
- verificar a atualização de seus dados cadastrais junto ao seu banco. É necessário que você encaminhe para o seu gerente alguns documentos da sua empresa, como faturamento dos últimos 12 meses, balancete dos últimos 12 meses e quantidade de funcionários registrados;
- avaliar a sua necessidade de capital, pois as taxas e condições desse crédito são atraentes, entretanto, é necessário você realizar uma análise dos gastos da sua empresa, confirmando a necessidade desse crédito e há um teto que limita o valor a ser concedido;
- construir um planejamento (sugerimos um controle similar à uma DRE horizontal, fiscal ou gerencial, conforme seu movimento financeiro) referenciando cada mês e o impacto do capital para seu negócio, bem como a absorção das parcelas do crédito a ser obtido futuramente;
Como forma de auxílio no aumento de seu rating, o banco sempre irá oferecer serviços complementares que, tecnicamente, geram sim um incremento na pontuação, pois atuam como movimentação financeira no mercado e também geram receita para o banco. É necessário, todavia, ter atenção nos próximos passos do governo, pois ainda não se tem certeza de como será realizada a disponibilização desse crédito. Por esse motivo, não é o momento ideal para aderir a qualquer tipo de serviço oferecido pelos bancos, como seguros, capitalização, consórcios, previdências, etc.), a não ser que você tenha o interesse ou a necessidade de imediato, já que esses serviços irão gerar uma despesa adicional para sua empresa, e como temos recomendado, essa não é uma boa hora para aumentar os gastos fixos da sua empresa.
Caso tenha alguma dúvida em relação a estratégias financeiras a serem adotadas pela sua empresa, faça seu comentário.
Fique atento, nos próximos posts falaremos sobre como construir seu Orçamento Empresarial 2020, de forma prática, para visualizar os impactos financeiros e possíveis adequações para passar por esse momento delicado de pandemia.
Qual será o incentivo do governo para as ME’s/ Eirelis que faturam até R$360.000,00/ano?
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Olá Deiwis!
No dia 16 de março, o Ministério da Economia anunciou duas medidas para as MPE’s, o adiamento do recolhimento do Simples nacional, por três meses, além da alteração das regras do depósito compulsório, que em síntese visam dar mais liquidez aos bancos públicos e privados para liberação de capital aos pequenos negócios. Em teoria, é uma ação que visa dar mais capilaridade ao crédito para manutenção do ambiente de negócios. Na prática, os bancos privados consideram um alto risco de crédito e têm limitado ou até cortado linhas de créditos de pequenas empresas em que consideram a concessão de crédito de alto risco. Nossa visão: empresas e empresários estão obtendo maior sucesso na captação de recursos, recorrendo às instituições financeiras públicas, pois a análise de crédito tem sido mais flexível do que nos bancos privados. Além disso, medidas do governo com os bancos públicos, sobretudo a Caixa Econômica Federal, como a redução expressiva de taxas de cheque especial, rotativo de cartão de crédito, e demais operações de crédito são algumas das respostas de que as instituições públicas estão dando em relação às medidas de ponta de crédito às empresas (via repasse de R$5 bilhões diretamente aos bancos públicos). Nesse momento, operações com garantia real têm tido grande espaço para liberação, negociação e flexibilização de taxas, inclusive. Vale a pena, ainda, consultar o nível de endividamento no SISBACEN, via registrato (https://www.bcb.gov.br/cidadaniafinanceira/registrato), pois ele é um dos termômetros utilizados pelas instituições financeiras para medir o nível de endividamento do cliente e tomara a decisão de conceder ou não o crédito.
Obrigado pelo seu comentário, caso tenha mais dúvidas ou discussões, conte conosco!
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